terça-feira, 26 de março de 2013

26 de Março

História da falta de sentido


O Monge Gelasiminius [em passagem mórbida dos seus Comentários à Cosmografia Cristiana (Cristã)] descreve com detalhes desnecessariamente deprimentes como hoje no ano 334 D.C. seis mil seiscentos e sessenta e seis mercadores da chamada Rota da Seda escolheram o caminho errôneo para o Além [ou seja, cometeram suicídio].

No mesmo dia em 1970 o hippie [um dos três únicos de Amhitar] e sociólogo de pseudônimo Utkirbek Lennon [formado na Academia de Ciências de Moscou] publicou em papel mimeo cheirando a álcool e outras drogas que todas as explicações estavam erradas – a tragédia nada teve a ver com revoltas feudais nem com a invasão de Átila. Historiadores [disse ele] artificialmente criam um quadro geral, sempre com sentido. A Rota da Seda era segmentada. Ninguém a percorria inteira. Mercadores faziam pedaços dela – compravam aqui e vendiam mais adiante. Não sabiam quem era o produtor, nem o comprador final. Sequer sabiam quem precisava de tanto pano. Envelheciam, decaíam, enterravam os pais e eles mesmos eram enterrados por filhos que faziam as mesmas rotinas. Algum enlouquecia, outro se matava. Resta explicar por que tantos o fizeram no mesmo dia, mas isso é de somenos importância ante a o que os levou a isso.

Os meios oficiais bocejaram ante essa explicação que não envolvia a luta de classes. Depois,  militantes pós-estruturalistas afrancesados revalorizaram essa versão, mas então Utkirbek Lennon já tinha se tornado contador e bancário.

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