Dasha e Zumira [dizem] com sua
Horda espalharam castrações, flechadas e cobranças de tributo dos homens das
tribos dos Octaedros além dos 99 Desertos. Como a maior fonte sobre elas consiste
nos relatos do [considerado] maluco Sayyd Maruf Umarkhan [que visitou seu reino
em viagem não desprovida de tragédia] a história das garotas ganhou a [menos
que justa] fama de fantasiosa até seu resgate pelos movimentos pró-adoção e pós-estruturalistas.
Uma ursa adotou as meninas na
data [arbitrária] de hoje, uma águia fêmea as mostrou o mundo, uma tigresa as
ensinou a lutar. Inevitavelmente as duas [cabelos negros e afiada lança na mão]
desprezaram homens e juntaram uma tribo exclusivamente feminina. Sucessivas
derrotas convenceram os machos das proximidades que a submissão era o melhor
caminho.
A tribo das Zhumirian [a mais morena delas deu-lhe o nome] só tratava bem seus vassalos
homens por dezessete dias no ano [e o fazia por que, sem tratamento delicado,
eles não conseguiriam dar o que elas precisavam]. Nove meses depois elas
devolviam os meninos. Quanto às meninas, ensinavam-lhes a flechar.
As gêmeas inevitavelmente
brigaram e estabeleceram tribos paralelas, não sem rivalidade. Depois
previsivelmente não morreram, viraram constelações celestes - segundo a Enciclopédia das Massas Trabalhadoras,
que se apressa a acrescentar que mais que rivalidades de gênero, o que importa é
a luta de classes e a derrubada da opressão capitalista.
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