O problema dos Zumbis de Amhitar é a sua inexistência – e esta
frase [não isenta de mau humor], pronunciou-a [previsivelmente] o Subcomitê ateu amhitariano, em sua reunião
de 25 de dezembro de 1934 [para afrontar, os membros se reuniam em festas
religiosas]. Mais que uma falta de graça, pragueja tal lema uma falta de
originalidade – afinal, seis décadas antes Aleksiei Rostov publicara folheto de
título quase igual sobre o assunto.
Padre ortodoxo, o Pope Aleksiei [diante da hostilidade dos
locais a um dominador estrangeiro russo] usava o grande tempo livre para vagar à
noite pelos beiradas de uma vila de Navoiy que sequer sonhava o que fosse
iluminação pública. [Detratores atribuíam essas caminhadas noturnas a um antigo
crime que atormentava sua consciência, enquanto os românticos preferiam falar da
lembrança de alguma princesa].
Inevitavelmente espíritos passaram
a segui-lo. No começo Aleksiei deles tinha medo. Depois passou a se acostumar
com sua companhia e finalmente a aborrecer-se com ela. Gemiam na hora errada,
tentavam assustar sem sucesso e a repetição de suas histórias de afogamentos e
facadas as tornou inócuas. Pior: quando o padre se recolhia, já perto da manhã,
sempre algum zumbi chato aparecia para falar-lhe de pulos em lagos por amores não
correspondidos.
Tanto por amor à ciência como
[dizem] por vingança o Pope publicou seu folheto O problema dos Zumbis de Amhitar é sua Impertinência, o qual [surpreendentemente]
não foi isento de sucesso.
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