quinta-feira, 19 de setembro de 2013

19 de Setembro

Ainda-não-existências

O Sultão Khaarun-el-Kachid fascinou Amhitar com sua chegada no ano 601, acompanhado de uma coorte de seis mil lanceiros montados em lhamas, sete mil caixas do fino vinho da Borgonha, oito mil toneladas de batatas para os banquetes palaciais, nove mil miniaturas em ouro do Portão de Brandemburgo e dez mil coroas tiradas do tesouro dos Otomanos e tal efeméride [celebrada a cada 19 de setembro, o dia tradicionalmente atribuído a tal fato] se torna ainda mais extraordinária pelo fato de que ainda faltavam uns bons novecentos anos para os Otomanos acumularem poder suficiente para roubarem coroas para depois as mesmas serem roubadas deles; que o Portão de Brandembugo não existia, pois a Prússia não existia para dar origem à Alemanha, a qual também dormia na mesma inexistência; que seria meio difícil um califa asiático se refestelar de batatas, pois as batatas ainda estavam sendo comidas pelos povos da América, e no resto do mundo nem se suspeitava de sua existência; que os vinhos da França ainda dormiam no limbo, pois a França ainda era um projeto, ainda mais as beberagens da Borgonha; e que seria um tanto difícil alguém ser Califa, ou seja, sucessor do Profeta Maomé, antes do próprio se tornar Profeta.

Essa falange de impossibilidades contribui para a popularidade da festa, marcada pelas bebedeiras de costume. Os historiadores gritam, os psicólogos explicam, os sociólogos ironizam e o povo festeja, sem ligar para essa tolice chamada realidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário