domingo, 15 de setembro de 2013

15 de Setembro

O Xeque Glutão

O Xeque Aryam Abdulloh ganhou o apelido de Nizilut-al-Akhromyr, dístico ininteligível até que uma arrumação no poeiral da biblioteca da aldeia de Moynaq desencavou um manuscrito do [inevitável] linguista Abdullaeva Behruz [do século XVIII assim como Aryam] e o papel revelou que aquilo queria dizer [banalmente] o Chefe Boa-boca.

Nem exagero nem metáfora: o Xeque Aryam [dizem testemunhas longe de desprezíveis] devorava três pavões, cinco frangos, dois peixes Guigluz das águas do rio Syr-Daria e como sobremesa enfrentava quatro gelatinas de Galo do Himalaia e ainda rebatia com uma pequena xícara de café do porto árabe de Mocha. Primeiro Gourmet amhitariano, Aryam, no seu reinado, esqueceu as estradas, as muralhas e palácios que geralmente fazem a grandeza dos reis.

Afirmava que encher a barriga é melhor que guerrear e em vez de querer tomar a terra dos vizinhos [esta o maior desejo dos soberanos, e o que os faz adentrar os verbetes da Encyclopaedia Britannica e da Wikipedia] preferia importar temperos, bezerros tenros e capões bem cevados, que desapareciam depois de poucos banquetes em palácio.

Os empreiteiros de muralhas [e os generais a pique de ficar sem emprego] espalharam para o povo que aquele glutão era seu inimigo, que zombava de sua fome. O povo escutou e escorraçou o Xeque, que foi substituído por outro, que cancelou os banquetes e empreendeu guerras contra os países em volta, nas quais morreram não poucos dos que derrubaram o Xeque Glutão.

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