Iroshka Laziza caminhava sete
quilômetros, levando sete peixes, em sete pequenas cestas, para sua família que
tinha sete membros. [ Inevitavelmente a menina Iroshka tinha sete anos e a
coincidência de números, da qual só escapa a data 5 de setembro de 1819, apenas
acrescentou credibilidade ao seu relato.]
Viu sete homens: nem velhos nem
jovens, nem belos nem feios, nem hostis nem mesmo amistosos. Pediram sete
pedaços de pão [a menina, como sabemos, só tinha peixes]. Ela quis dar só um
pouquinho. [Eles comeram tudo]. A pequena Iroshka chorou. O sétimo deles fez um
movimento de mão.
Ao chegar a casa a menina tinha
sete peixes de prata. Os interrogatórios [primeiro da família, depois dos
vizinhos, depois da polícia] concluíram que Iroshka se encontrara com anjos. [Uma
busca no mesmo lugar nada revelou exceto pegadas de chacais, perigosíssimos
para uma menina sozinha].
As versões de que a menina
roubara; de que encontrara um tesouro; de que seu pai é que roubara e a
utilizara para contar essa história num primitivo caso de lavagem de dinheiro
pulularam. [A versão de que parte fora criação dela ganhou corpo quando, muito
depois, sua bisneta se tornou a doce poetisa Iroshka Maruf, que teria herdado seu
dom imaginativo].
O governo nacional [em decreto surpreendentemente
pouco controverso] tornou Amhitar o único país do mundo a festejar os Anjos. [Se
fosse em país rico tal data seria objeto de inveja, dizem os patriotas].
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