terça-feira, 24 de setembro de 2013

24 de Setembro

O herói de longas unhas

Quanto à acusação [não isenta de falsidade e suma injustiça] de que o sublime povo amhitariano imita bobas histórias de cabeludos de outras épocas, eu a refutarei agora sem a mais ínfima lasca de dúvida – e esta afirmação arredondada de despeito pronunciou-a o historiador Java Kharlilah na abertura de seu opúsculo Da Infâmia atirada contra nossa Terra quanto à história do Inexorável Gulshanoy.

O Inexorável de que fala o historiador viveu em época indefinida e quanto a seus feitos, eram pouco mais definidos: Gulshanoy [diziam] tinha a força de 11 homens, a destreza de 22, a pontaria de 44 sem que ninguém jamais soubesse a razão de tais esdrúxulos múltiplos. Era [não surpreendentemente] o terror dos inimigos Kazaks, os quais [igualmente dizem] dominavam então a amada pátria. Como todo herói, no entanto, Gulshanoy tinha uma fraqueza, a belíssima Nargiza, uma princesa kazak que conseguiu aprisioná-lo ao cortar-lhe as unhas. Redimiu-se no entanto a malvada, ao morrer junto com o herói quando este derrubou uma caverna soterrando os inimigos.

A história [obviamente] semelha demais com a de Sansão de certo livro do Oriente Médio e nem mesmo a erudição do historiador desconstrói isso. O máximo que ele consegue fazer é remarcar que o herói amhitariano é mais rude e selvagem que o outro pois sua força estava nas unhas, o que é mais honroso que uma força nos cabelos. Comentaristas afirmam [não sem certa razão] que esta conclusão faz pouco sentido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário