Quanto à acusação [não isenta de falsidade e suma injustiça] de que o
sublime povo amhitariano imita bobas histórias de cabeludos de outras épocas, eu
a refutarei agora sem a mais ínfima lasca de dúvida – e esta afirmação arredondada
de despeito pronunciou-a o historiador Java Kharlilah na abertura de seu opúsculo
Da Infâmia atirada contra nossa Terra
quanto à história do Inexorável Gulshanoy.
O Inexorável de que fala o historiador viveu em época indefinida e
quanto a seus feitos, eram pouco mais definidos: Gulshanoy [diziam] tinha a
força de 11 homens, a destreza de 22, a pontaria de 44 sem que ninguém jamais
soubesse a razão de tais esdrúxulos múltiplos. Era [não surpreendentemente] o
terror dos inimigos Kazaks, os quais
[igualmente dizem] dominavam então a amada pátria. Como todo herói, no entanto,
Gulshanoy tinha uma fraqueza, a belíssima Nargiza, uma princesa kazak que
conseguiu aprisioná-lo ao cortar-lhe as unhas. Redimiu-se no entanto a malvada,
ao morrer junto com o herói quando este derrubou uma caverna soterrando os
inimigos.
A história [obviamente] semelha
demais com a de Sansão de certo livro do Oriente Médio e nem mesmo a erudição
do historiador desconstrói isso. O máximo que ele consegue fazer é remarcar que
o herói amhitariano é mais rude e selvagem que o outro pois sua força estava
nas unhas, o que é mais honroso que uma força nos cabelos. Comentaristas
afirmam [não sem certa razão] que esta conclusão faz pouco sentido.
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