Otabek Dilafruz entregou a parte um
da sua Enciclopédia das Maneiras Científicas
de Realizar o Nada hoje em 1927, e esse título tem sido [quase] unanimemente
apontado como carente de adequação. Primeiro porque o cientista [sobrinho-neto do
romântico historiador Dilafruz Michelet] não deu ao trabalho qualquer ordem, sequer
alfabética, o que torna problemático o nome enciclopédia.
Depois porque não se trata de um
livro mas de coletânea [ou amontoado, dizem os detratores] de folhetos, pedaços
de filmes, quadros e esculturas com colagens de anúncios de gin e champanhe
barato [dos quais o autor presumivelmente era aficionado], além de fotografias
[algumas incluindo Budas barbados e moças que não se esmeravam em vestir
demais].
E a terceira objeção: o trabalho de
Otabek se propõe a instruir a Humanidade em atividades do tipo A Arte de provocar tempestades em outros
continentes ao soprar as nuvens; ou Como construir um moedor de tempo; ou Da Real possibilidade de que o interior da
Terra seja preenchido por doce de uvas passas [esta última, por incrível
que pareça, teve uma tentativa de comprovação em 1938, abandonada quando a
escavação chegava aos sete metros].
Otabek [ao contrário do que
pensam alguns epistemólogos] não brincava. Acreditava que o Nada era o mais nobre
que o Ser Humano pode fazer e se zangava com quem não era de acordo. Anos
depois [dizem], morreu na Polinésia, num mergulho para provar a existência de Namor,
o Príncipe Submarino.
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