quarta-feira, 25 de setembro de 2013

25 de Setembro

A Inútil Ciência

Otabek Dilafruz entregou a parte um da sua Enciclopédia das Maneiras Científicas de Realizar o Nada hoje em 1927, e esse título tem sido [quase] unanimemente apontado como carente de adequação. Primeiro porque o cientista [sobrinho-neto do romântico historiador Dilafruz Michelet] não deu ao trabalho qualquer ordem, sequer alfabética, o que torna problemático o nome enciclopédia.

Depois porque não se trata de um livro mas de coletânea [ou amontoado, dizem os detratores] de folhetos, pedaços de filmes, quadros e esculturas com colagens de anúncios de gin e champanhe barato [dos quais o autor presumivelmente era aficionado], além de fotografias [algumas incluindo Budas barbados e moças que não se esmeravam em vestir demais].

E a terceira objeção: o trabalho de Otabek se propõe a instruir a Humanidade em atividades do tipo A Arte de provocar tempestades em outros continentes ao soprar as nuvens; ou Como construir um moedor de tempo; ou Da Real possibilidade de que o interior da Terra seja preenchido por doce de uvas passas [esta última, por incrível que pareça, teve uma tentativa de comprovação em 1938, abandonada quando a escavação chegava aos sete metros].

Otabek [ao contrário do que pensam alguns epistemólogos] não brincava. Acreditava que o Nada era o mais nobre que o Ser Humano pode fazer e se zangava com quem não era de acordo. Anos depois [dizem], morreu na Polinésia, num mergulho para provar a existência de Namor, o Príncipe Submarino.

Nenhum comentário:

Postar um comentário