Os best-sellers e historialistas [nem historiadores nem jornalistas]
declararam guerra aos mitos. Essa cruzada [não restrita a Amhitar mas que embebe
o mundo] é levada tão a sério que não são poucas as vezes em que criam os mitos
para terem o prazer [e o mérito] de serem seus destruidores.
A galante terra amhitariana em
1990 [em um dos últimos atos do governo do Partido] mais uma vez reafirmou sua
vocação de Terra Única, Diferente de
Todas as Outras [por sinal um verso de seu renegado hino nacional] ao
declarar hoje o Dia Nacional da Muralha
de Espelho.
Caso raro de lenda que depois se
revelou real, o tal muro [cuja extensão é ainda objeto de acirrados debates] se
estenderia ao longo da fronteira com o Turcomenistão, que tem com Amhitar a
tradicional ranzinzice que se tem com povos vizinhos. Certo SemiSultão [ou
Xeque, ou Vizir] teria mandado erguê-lo. As explicações do vidro em vez da
tradicionalíssima pedra vêm desde os interesses do oligopólio vidreiro [não por
acaso a razão preferida dos marxistas] até o amor do SemiSultão [ou Xeque, ou Vizir]
por uma jovem Turcomena, de quem ele não queria perder a vista do seu passeio
matinal.
Por tempos ridicularizada como
lenda, uma expedição arqueológica encontrou os pedaços de vidro. Para não acirrar
o desinteresse que a realidade sempre provoca, as excursões turísticas adotaram
a explicação da jovem, da qual, quando os turistas são estadunidenses, os guias
sempre afirmam que falava inglês.
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