O único problema da lenda do Alegre Rei
Akmal é que ela é isso mesmo – uma lenda – e esse pedaço de discurso [evidentemente
empapado de mau humor] pronunciou-o o geógrafo materialista Serguei Kovinev em
1942, em conferência no dia de hoje na Academia
Soviético-Proletária da Ásia Central. [Como revolucionário, não se podia
esperar dele outra opinião sobre um rei].
No entanto o
Destino [se o Destino existisse] em muito complica um julgamento sobre o Alegre
Rei Akmal [na verdade um Paxá]. Os testemunhos [caso raro na história amhitariana]
se juntam unânimes em afirmar que foi ele o único potentado a se misturar ao
povo sem guardas e sem ser degolado [outros tentaram andar sem guardas, com os resultados
já imaginados].
Como todos os
reis, o Alegre Akmal possuía conselheiros – feio, chatos, rosnadores e cheiros
de intrigas. Como nenhum, Akmal ria deles – sendo uma de suas piadas pedir
conselhos e, depois de recebidos, rir da cara dos conselheiros, repetindo o
universal ditado de que Se Conselho fosse
bom a gente não dava, vendia. Os conselheiros [e seus ardilosos conselhos]
saíam humilhados, e o povo, feliz.
Uma das
falhas da história [que dá munição a quem advoga sua inexistência], é que ninguém
sabe direito a época de tal rei. Dizem que o Povo quis que ele fosse de todas
as épocas – inclusive da futura [é a interpretação dos otimistas - eles sempre dizem
presente].
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