quarta-feira, 18 de setembro de 2013

18 de Setembro

O Inocente Sedutor

O Irresistível Aventureiro estreou hoje nos cinemas de Amhitar [e nos de Dacca, nos dos vizinhos Turcomenos, dos inimigos kazaks, na Índia dominada pelos ingleses e em toda a Ásia Central] hoje em 1918 [na talvez única bem-sucedida operação de lucro internacional engendrada por amhitarianos, para desespero dos nacionalistas]. Tal sucesso teve nome e cara.

Cara encimada por um cabelo soterrado em tinta preta [para disfarçar o tom natural louro-indeciso] e o nome centro-asiático trocado pelo pseudônimo Salvatore Marcciano [o duplo “c” foi acrescentado para charmosamente soar como “ch”]. Salvatore [cara sempre séria de conquistador, diante do qual princesas, coristas e virgens atestadas se derretiam] representava sempre homens confiantes, fortes porém protetores, dispostos a enfrentar o perigo pelas donzelas a quem conquistavam.

Desmancha-prazeres [eles sempre existem] afirmavam ser o tal Salvatore um perigo, pois antes dele [em Amhitar e no mundo] um homem [para conquistar uma mulher] precisava ser apenas um bom provedor e reprodutor. Depois dele, ainda se precisava acrescentar a arte da conquista e da beleza pessoal – um peso a mais para a raça masculina.

O pior baque, no entanto, veio quando um italiano, certo Rodolfo Valentino, imitou Salvatore, com sucesso muito maior. Para rebaixar o rival, críticos amhitarianos afirmaram que Rodolfo era na verdade um bobinho, que dormia só, pensando em mamãe – coisa que [dizem] também acontecia com Salvatore.

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