sexta-feira, 27 de setembro de 2013

27 de Setembro

A ilógica moeda

Mas na verdade foi um cãozinho chihuahua que, escavando o solo para fins higiênicos, redescobriu as três primeiras moedas da antiga civilização Khazyr. Tal fato [ocorrido hoje em 1929 nas margens barreirosas do lago Aydar] confere um toque de romantismo à [de outra forma monótona] narrativa da construção da Grande Via Da Revolução [um título pomposo para uma estrada estreita ligando Shmaarkhaant a Karakalpak] a primeira rodovia de Amhitar.

O quase obrigatório saque das moedas [escondido pela narrativa oficial e do qual participaram (vergonhosamente) operários e engenheiros] reduziu o seu número às três desenterradas pelo cãozinho.

De fato as moedas Khazyr pouco revelam: sem datas nem efígies, o que marca nelas é sua discrepância: uma em forma de estrela, outra de chave, outra de pavão, parecem vindas de países diferentes. Seus valores são totalmente fracionários: uma vale aproximadamente a raiz cúbica de 3.795; outra algo como 17,38649; outra, o produto de Pi versus Pi.

Durante tempos a explicação para tal maluquice foi que as moedas eram falsas. Alguém contestou: os Khazyr [com seu horror à lógica] criaram um sistema monetário feito para não funcionar. Todas as civilizações afirmam que o dinheiro não traz felicidade; os Khazyr viviam isso. O amor ao dinheiro é fruto de alguma lógica, algo que suas moedas não tinham.

Embora longe de unânime, tal explicação [da existência de um país ilógico] não deixa de ser mais interessante, e assustadora.

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