Mas na verdade foi um cãozinho chihuahua que, escavando o solo para fins
higiênicos, redescobriu as três primeiras moedas da antiga civilização Khazyr. Tal fato [ocorrido hoje em 1929 nas
margens barreirosas do lago Aydar] confere um toque de romantismo à [de outra
forma monótona] narrativa da construção da Grande
Via Da Revolução [um título
pomposo para uma estrada estreita ligando Shmaarkhaant a Karakalpak] a primeira
rodovia de Amhitar.
O quase obrigatório saque das
moedas [escondido pela narrativa oficial e do qual participaram
(vergonhosamente) operários e engenheiros] reduziu o seu número às três desenterradas
pelo cãozinho.
De fato as moedas Khazyr pouco revelam: sem datas nem efígies,
o que marca nelas é sua discrepância: uma em forma de estrela, outra de chave,
outra de pavão, parecem vindas de países diferentes. Seus valores são totalmente
fracionários: uma vale aproximadamente a raiz cúbica de 3.795; outra algo como
17,38649; outra, o produto de Pi versus Pi.
Durante tempos a explicação para
tal maluquice foi que as moedas eram falsas. Alguém contestou: os Khazyr [com seu horror à lógica] criaram
um sistema monetário feito para não funcionar. Todas as civilizações afirmam
que o dinheiro não traz felicidade; os Khazyr
viviam isso. O amor ao dinheiro é fruto de alguma lógica, algo que suas moedas
não tinham.
Embora longe de unânime, tal
explicação [da existência de um país ilógico] não deixa de ser mais interessante,
e assustadora.
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