O Dorhumil [dizem] viaja o mundo todo. [A mais modesta versão afirma
que percorre três voltas e meia o globo. Uma pesquisa mais recente fornece a
cifra mais realista (mas ainda assim fantástica) de metade da circunferência do
planeta]. Suas quatro asas sempre foram o espanto da meninada que escutava a
história do Pássaro Nacional de Amhitar [honra no entanto disputada com o estranho Eskualdualk, que certas versões
não isentas de sadismo terminaram por afirmar que este era o pássaro noutras línguas
conhecido pelo nome de galinha].
Por mais irrealistas que sejam
essas quatro asas, elas o são bem menos que as quarenta que biólogos
(presumivelmente) embusteiros do Zoológico de Shamerkahent a eles atribuíram. [De
fato afirma-se (não sem algum fundamento) a sesquipedal malandragem de tais zoólogos
– certo touro deles, de sete chifres (o Takhvazz)
na verdade era touro comum, apenas com uma tola mutação não-hereditária].
Dizem que o Dorhumil representa a única ligação de Amhitar com certo estranho
país no Fim do Planeta, país esse que se afirma tropical e alegre por natureza.
O Dorhumil, por suas asas [e por seu granado
que, embora horrível, dizem trazer boa sorte] é pássaro estranho. Afirmam que o
país de onde vem é grande, seus habitantes se sentem inferiores a todos os outros
e remetem a felicidade nacional a um futuro que nunca chega.
O estranho lugar de onde migra apenas
acrescenta à estranheza do Dorhumil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário