sexta-feira, 11 de outubro de 2013

11 de Outubro

A Caixa de Deus

A terceira dissidência da sétima seita da [estranha] crença da civilização Bakhmar escapou do destino geral das sub-seitas [o esquecimento], e conseguiu tal feito não através de uma superior teologia ou da eficiência miraculosa de suas orações mas através de uma caixa. [A prova maior da sobrevivência ao menos histórica de tal pequena igreja é o fato de que o próprio chefe do governo de ocupação russo [o General Konstantin Petrovich von Kaufmann e seus bigodes de quase-metro] fez questão de oficializar hoje em 1870 o dia de sua relembrança.

De fato este grupo religioso não se destacava por nada a não ser pelo fato de que no centro de seu templo [de resto um feio prédio quadrado de janelas quadradas] se punha uma caixa. Nela [diziam os sábios] se encerrava a Sabedoria do Universo, e o fato de que nem mesmo os sábios se atreviam a levantar a sua tampa informa do respeito [ou temor] que todos lhe tinham.

Fala-se em mil cento e onze versões do que haveria dentro, desde uma previsível luz cegante [Deus itself] até uma água que nunca seca, rosas transparentes e escorpiões [além da inevitável versão cética de que teria as riquezas acumuladas pelos sacerdotes].

Um iníquo guerreiro invasor [as versões variando desde um improvável Napoleão até (um tão improvável quanto) Átila] teria [não sem suma heresia] aberto a caixa. E dentro existiria apenas o vazio.

Tal versão [incensada por alguns] é compreensivelmente pouco difundida.

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