terça-feira, 22 de outubro de 2013

22 de Outubro

O inviável monoteísmo

Das 777 sub-seitas da religião Khazyr [este número tem sido periodicamente sujeito a disputa] 776 têm sido [não sem certa injustiça] condenadas ao oblívio. A razão de tal [segundo um pronunciamento (surpreendente) da Academia de Ciências de Amhitar hoje em 1893] deve-se ao Amor ao Sensacionalismo, que faz com que os povos achem monótono o que não diga respeito a crimes e às coisas do amor físico].

Tal julgamento do julgamento popular contém por si mesmo suas próprias injustiças, pois a 777ª seita não foi esquecida. Salvaram-na de tal destino o interesse histórico e três tiras de couro sem data em caracteres surpreendentemente legíveis [até porque poucos]. São poucos porque, e como referiu a citada Academia em reunião posterior no mesmo ano, esta interpretação particular da religião Khazyr afirmava que Deus existe; que ama os homens; que criou o mundo [e a própria instituição reconhece que até aí não há novidades – a bomba vem de que] e por amá-los, não lhes proíbe nada. O Deus dos Khazyr não se mete em adultérios nem orgias nem sandálias nem carnes de porco nem delírios sobre a lua nem nada que diga respeito a nada – esse Deus só ama.

O fato desta religião [ao menos aparentemente] tão liberal ter sido esquecida [segundo a aproximada metade dos cronistas] se deve a conquistas e insucessos da história do país. A outra metade afirma que tal religião não podia prosperar pois a gente gosta de sofrer, mesmo [e o diz não sem alguma amargura].

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