Das 777 sub-seitas da religião Khazyr [este número tem sido
periodicamente sujeito a disputa] 776 têm sido [não sem certa injustiça]
condenadas ao oblívio. A razão de tal [segundo um pronunciamento (surpreendente)
da Academia de Ciências de Amhitar
hoje em 1893] deve-se ao Amor ao Sensacionalismo,
que faz com que os povos achem monótono o que não diga respeito a crimes e às
coisas do amor físico].
Tal julgamento do julgamento
popular contém por si mesmo suas próprias injustiças, pois a 777ª seita não foi
esquecida. Salvaram-na de tal destino o interesse histórico e três tiras de
couro sem data em caracteres surpreendentemente legíveis [até porque poucos]. São
poucos porque, e como referiu a citada Academia em reunião posterior no mesmo
ano, esta interpretação particular da
religião Khazyr afirmava que Deus existe; que ama os homens; que criou o mundo [e
a própria instituição reconhece que até aí não há novidades – a bomba vem de
que] e por amá-los, não lhes proíbe nada.
O Deus dos Khazyr não se mete em adultérios
nem orgias nem sandálias nem carnes de porco nem delírios sobre a lua nem nada
que diga respeito a nada – esse Deus só ama.
O fato desta religião [ao menos
aparentemente] tão liberal ter sido esquecida [segundo a aproximada metade dos cronistas]
se deve a conquistas e insucessos da história do país. A outra metade afirma
que tal religião não podia prosperar pois
a gente gosta de sofrer, mesmo [e o
diz não sem alguma amargura].
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