A expedição marítima comandada pelo
Almirante Mohira Kobe chegou hoje no ano de 1226 dos hereges e a vagareza de
sua entrada no porto [pois, na época, Amhitar possuía litoral] possibilitou que
multidões de trinta e uma aldeias próximas se reunissem para saudar os
exploradores.
Nas barracas improvisadas [entre asas
de frango frito, crianças pulando corda, saltimbancos cuspindo fogo e vovôs
enxugando baldes de cerveja] se especulava o que os bravos marinheiros teriam
visto: homens de três braços [ou cinco pernas]; areias macias como nuvens, nas
quais se tem um sono celestial; tribos que se vestem de ossos de caranguejo e
que comem apenas filé de escorpião gigante; cachoeiras tão grandes que não se
via seu topo.
Entraram os navios.
Pressionados por histórias de
pigmeus e dragões, no começo contaram o que se esperava deles, depois caíram em
contradição e explicaram: a viagem fora de água, água e água em tempestade, mas
em geral em enervante mesmice. Quando encontravam pessoas, eles se vestiam com
uma ou outra peça diferente, ou tinham um nariz talvez um pouco mais chato ou
longo, mas, no geral, eram iguais. O Almirante concluiu suas breves palavras dizendo
que, reais aventuras, que as procurassem em casa, ou elas não existiam mesmo.
O caráter decepcionante de suas
palavras fez com que tal data fosse por muito esquecida, e só o esforço de
poetas românticos [que evidentemente embelezaram muito a história] garantiram
sua entrada nestas efemérides.
Nenhum comentário:
Postar um comentário