quarta-feira, 9 de outubro de 2013

9 de Outubro

Monótonos heróis

A expedição marítima comandada pelo Almirante Mohira Kobe chegou hoje no ano de 1226 dos hereges e a vagareza de sua entrada no porto [pois, na época, Amhitar possuía litoral] possibilitou que multidões de trinta e uma aldeias próximas se reunissem para saudar os exploradores.

Nas barracas improvisadas [entre asas de frango frito, crianças pulando corda, saltimbancos cuspindo fogo e vovôs enxugando baldes de cerveja] se especulava o que os bravos marinheiros teriam visto: homens de três braços [ou cinco pernas]; areias macias como nuvens, nas quais se tem um sono celestial; tribos que se vestem de ossos de caranguejo e que comem apenas filé de escorpião gigante; cachoeiras tão grandes que não se via seu topo.

Entraram os navios.

Pressionados por histórias de pigmeus e dragões, no começo contaram o que se esperava deles, depois caíram em contradição e explicaram: a viagem fora de água, água e água em tempestade, mas em geral em enervante mesmice. Quando encontravam pessoas, eles se vestiam com uma ou outra peça diferente, ou tinham um nariz talvez um pouco mais chato ou longo, mas, no geral, eram iguais. O Almirante concluiu suas breves palavras dizendo que, reais aventuras, que as procurassem em casa, ou elas não existiam mesmo.

O caráter decepcionante de suas palavras fez com que tal data fosse por muito esquecida, e só o esforço de poetas românticos [que evidentemente embelezaram muito a história] garantiram sua entrada nestas efemérides.

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