O grande
Zalto era bom para fazer explosões – e mais
nada além disso [diziam (e ainda dizem) os seus (não poucos) detratores, a
maioria deles artistas mordidos pela inveja das marcas que o outro deixou (de
uma forma ou de outra) pelas poeirices da História].
Grande Zalto obviamente não era o nome
do mais lembrado mágico de Amhitar, e como convém a um mágico os fatos mais
relevantes da sua vida são mistério, a começar pela data de seu nascimento [que
uma velha tradição sem documentos considera no dia de hoje em ano que vai de
1801 até 1855]. É certa no entanto sua indumentária – o chapéu cônico de luas e
estrelas, a capa arrastando no chão, e principalmente o bonequinho ventríloquo [chato
e impertinente como todo bonequinho ventríloquo] que de tanto repetir que seu
Mestre era o Grande Zalto acabou por colar o adjetivo ao nome.
O Grande
Zalto e seu boneco [além da barbichinha do mago, que acabou também por fazer
parte do seu look] não detonaram as
plateias de Amhitar com seu sucesso. Seus truques [os poucos testemunhos
concordam quase todos a respeito] não passavam das bobices de sempre: ovos
tirados de orelhas, secretárias de palco serradas ao meio, além do inevitável
coelho [sempre o mesmo] tirado da [sempre a mesma] cartola [na verdade o chapéu
cônico].
Um século
depois o Partido quis nobilitar duplamente o dia de hoje, fazendo-o A Jornada da Simplicidade Eficiente. Tal
iniciativa caiu no ridículo e em [talvez merecido] esquecimento.
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