Por 40 dias e
39 noites choveu em Amhitar e a Terra não inundou [ao contrário do que acontece
em certo livro (pretensamente) profético concorrente oriundo do Oriente Médio].
A ausência do dantesco espetáculo de corpos boiando leva os devotos amhitarianos
a considerarem o País como a verdadeira Terra Abençoada.
Tal visão
nacionalista [comemorada sem razão aparente a todo dia 6 de outubro] colhe
apoios [previsíveis] dos historiadores românticos como Dilafruz Michelet e Java
Kharlilah, mas também surpresas, como o do marxista Serguei Kovinev. Este último
[fiel a sua formação de geógrafo] afirma [no opúsculo Se existiu um Noé, ele foi amhitariano] que as condições objetivas
e luta de classes tudo determinam, e um dilúvio [que ele cautelosamente qualifica
como “possível”] teria sido escoado pelos rios e a condição morfológica
peculiar do país.
Essa e outras
explicações foram abaladas com a palestra [em 1940] do engenheiro Stephen
Dilobar [cujo triste destino é rememorado nestas Efemérides a 5 de março]. Disse
ele que o Dilúvio Universal pode ter existido. Mas que um bom sistema de
esgotamento de águas pluviais fez com que as águas enviadas por Deus
simplesmente saíssem pelo esgoto, esvaindo-se assim o poder da Fúria Divina.
Tal explicação,
se [previsivelmente] agradou aos materialistas, por outro lado também deu
combustível ao patriotismo, pois, se em todo o mundo o dilúvio triunfou, o caso
amhitariano prova [mais uma vez] a superioridade nacional.
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