domingo, 6 de outubro de 2013

6 de Outubro

Dia do Dilúvio

Por 40 dias e 39 noites choveu em Amhitar e a Terra não inundou [ao contrário do que acontece em certo livro (pretensamente) profético concorrente oriundo do Oriente Médio]. A ausência do dantesco espetáculo de corpos boiando leva os devotos amhitarianos a considerarem o País como a verdadeira Terra Abençoada.

Tal visão nacionalista [comemorada sem razão aparente a todo dia 6 de outubro] colhe apoios [previsíveis] dos historiadores românticos como Dilafruz Michelet e Java Kharlilah, mas também surpresas, como o do marxista Serguei Kovinev. Este último [fiel a sua formação de geógrafo] afirma [no opúsculo Se existiu um Noé, ele foi amhitariano] que as condições objetivas e luta de classes tudo determinam, e um dilúvio [que ele cautelosamente qualifica como “possível”] teria sido escoado pelos rios e a condição morfológica peculiar do país.

Essa e outras explicações foram abaladas com a palestra [em 1940] do engenheiro Stephen Dilobar [cujo triste destino é rememorado nestas Efemérides a 5 de março]. Disse ele que o Dilúvio Universal pode ter existido. Mas que um bom sistema de esgotamento de águas pluviais fez com que as águas enviadas por Deus simplesmente saíssem pelo esgoto, esvaindo-se assim o poder da Fúria Divina.

Tal explicação, se [previsivelmente] agradou aos materialistas, por outro lado também deu combustível ao patriotismo, pois, se em todo o mundo o dilúvio triunfou, o caso amhitariano prova [mais uma vez] a superioridade nacional.

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