quarta-feira, 23 de outubro de 2013

23 de Outubro

Tolas colheitas

A hipótese antropológica de que toda festa de colheita é animada – esta terra chamada Amhitar reduziu-a ao pó da inexistência!  - Esta observação [à qual não falta amargura] escreveu-a no seu Terceiro Tratado das Inconsequências o sábio chinês Qzi Laotsung e se baseia nas suas [desafortunadamente não muito longas] viagens pelo país nos anos 1900 e 1910. [Foi repetida pelos antropólogos René Girard e Mircea Eliade, tendo sido depois inexplicavelmente retirada do seu Mito do Eterno Retorno].

A causa de tanta revolta se deve a que, após muitas viagens à Polinésia e ao Mali, os antropólogos criam haver estabelecido uma lei – na época da colheita, as sociedades primitivas torravam os estoques velhos da colheita anterior e pediam com muita festa colheitas melhores na safra seguinte. Isso em todas as culturas.
Menos em Amhitar. Os amhitarianos, depois de colherem, não faziam nada. Nem deuses, luzes ou fogueiras. Às vezes dormiam, às vezes nem isso.

As acusações de preguiça foram inevitáveis – mas nem isso fazia o povo do país se mover. Os estudiosos se vingaram propalando a frase acima.

Os motivos dos antropólogos podiam não ser assim tão puros. Em outros lugares nas festas pedindo força na colheita cabiam demonstrações de outros tipos de força – e as festas (sempre em conjunto e sem roupas) seriam impróprias para menores, se já existisse a censura classificativa. O desejo de que Amhitar fosse como as outras culturas pode indicar certo instinto Voyeur

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